Após anos criticando cortes no setor científico durante o governo Bolsonaro, o presidente Lula reagiu nesta segunda-feira (10) ao desafio de uma greve que já dura 69 dias nas universidades e institutos federais. Em um movimento para aplacar a insatisfação, Lula anunciou um pacote de investimentos de R$ 5,5 bilhões, apelidado de PAC das Universidades e Hospitais Universitários.
O anúncio visa diminuir a pressão dos sindicatos e grevistas, que têm demandado melhorias salariais e condições de trabalho. No entanto, mesmo com a liberação adicional de R$ 347 milhões em crédito suplementar pelo Ministério da Educação em maio, muitas instituições enfrentam o risco de fechar as portas até setembro.
A presidente da Andifes, Márcia Abrahão Moura, reconheceu o esforço do governo em atender às demandas históricas por investimentos, mas destacou que o montante anunciado ainda é insuficiente. Ela mencionou que, com o novo anúncio, o orçamento anual passa para R$ 6,38 bilhões, superando nominalmente os valores de anos anteriores, porém ainda distante dos R$ 8,5 bilhões necessários ajustados pela inflação desde 2017.
Por sua vez, o reitor do Instituto Federal de Goiás, Elias de Pádua Monteiro, apelou por uma solução negociada para encerrar a greve, reconhecendo-a como um movimento legítimo, mas alertando para os danos causados à evasão estudantil e ao calendário acadêmico.
O cenário coloca em cheque a capacidade do governo de Lula em reconciliar suas promessas eleitorais com a realidade orçamentária e as expectativas dos servidores públicos federais.